Gabinete de Imprensa
Comunicado de Ano Novo (2025)
Queridos Irmãos,
Ao encerrarmos mais um ano marcado pela turbulência, é impossível ignorar os desafios colossais que o mundo enfrentou.
Este deveria ser um tempo de reflexão e renovação, mas somos obrigados, antes, a encarar uma realidade que exige um esforço colectivo e urgente para alterar o rumo que seguimos.
Os grandes conflitos mundiais continuam a agravar-se numa espiral de destruição.
A guerra na Ucrânia, que persiste há quase dois anos, sem solução à vista, ceifa vidas inocentes e destrói o tecido social de uma região inteira, enquanto poderes globais perpetuam uma escalada de confrontação.
No Médio Oriente, a violência entre israelitas e palestinianos intensificou-se, revelando a incapacidade crónica da comunidade internacional em mediar uma solução justa e duradoura.
No Sahel, a instabilidade é alimentada por golpes de Estado e pela expansão de grupos extremistas, enquanto a resposta global permanece dispersa e insuficiente.
A lista não termina aqui, conflitos esquecidos na Síria, Iémen, Afeganistão e em tantas outras regiões continuam a cobrar um preço humano devastador, ignorado pelas manchetes que, muitas vezes, só captam as tragédias mais “vendáveis”.
Esta é uma denúncia contra a inércia, a negligência e a falta de visão de líderes mundiais que persistem em colocar interesses geopolíticos acima da vida humana.
Exigimos soluções diplomáticas e racionais.
A guerra nunca foi, e nunca será, a resposta para as legítimas questões políticas, económicas ou culturais que dividem as nações.
É tempo de líderes globais abandonarem as rivalidades mesquinhas e os jogos de poder, colocando a cooperação internacional e o bem-estar comum como prioridade.
No nosso país, Portugal, não estamos isentos de autocrítica.
Vivemos tempos difíceis, marcados pela deterioração da confiança entre os cidadãos e a classe política.
O debate público transformou-se num palco de ataques pessoais e trivialidades, enquanto questões fundamentais, como a saúde, a educação, a habitação e a justiça social, são frequentemente relegadas para segundo plano.
A instabilidade política recente, traduzida numa dissolução parlamentar, deveria servir como alerta para que todos os campos políticos adoptassem uma postura mais séria e construtiva, priorizando o interesse nacional em detrimento de agendas partidárias ou ambições individuais.
Urge igualmente enfrentar os desafios ambientais com seriedade.
As promessas de transição energética e sustentabilidade não podem continuar a ser adiadas, sob pena de hipotecarmos o futuro das próximas gerações.
Este Ano Novo, deixemos de lado o conformismo.
Como cidadãos, temos o dever de exigir responsabilidade, transparência e visão de todos aqueles que detêm o poder, seja em Portugal ou no cenário global.
Só com acções concretas e uma verdadeira vontade de mudança poderemos transformar a incerteza em esperança e o conflito em cooperação.
Que 2025 traga não apenas promessas, mas mudanças reais e duradouras.
Votos de um Ano Novo com mais paz, justiça e humanidade para todos.
Assim disse,
30 de Dezembro de 2024, a Oriente de Portugal
Nuno Tinoco Ferreira
XV Grão-Mestre da Grande Loja Nacional Portuguesa
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